escrito em 10 de novembro de 2017
O
nome de flor frágil e delicada não combina em nada com o perfil forte e decido
de Rosa Demétrio Torres Jorge, 52, que levanta cedo todos os dias e às 7h da
manhã já está na roça.
Ela
começou a vida como trabalhadora rural, tempos depois conheceu um fiscal de
campo que, admirado com sua personalidade, lhe disse que levava muito jeito
para ser chefe de turma. Ela encarou o novo desafio.
“Trabalhamos
juntos por oito anos, depois eu segui sozinha. Já são mais de dez anos na
profissão e sou muito feliz por minha escolha”, conta Rosa que é casada, têm
dois filhos, um deles também trabalhador rural e dois netos, todos orgulhosos
de seu trabalho.
A
rotina da empreiteira é sempre a mesma: acordar bem cedo, preparar a marmita, o
galão de água gelada e passar de casa em casa pegando os trabalhadores para ir à
roça. “Chegando lá, direciono eles cada um em seu eito para iniciar a colheita.
Depois vou gerenciando, fazendo marcações e ao final do dia volto deixando cada
um em sua casa”, conta ela.
Rosa
é uma mulher lidando com um universo majoritariamente masculino. Em geral as
empresas com que ela se relaciona são comandadas por homens; fiscais de turma,
proprietários rurais e colhedores em sua maioria, são homens.
“Quando
comecei, me senti muito perdida, mas você tem que se posicionar, mostrar quem
está no comando. Se eles acham que podem fazer uma piada ou algo do tipo você
precisa colocá-los em seu lugar, mostrar que você está ali para trabalhar e
eles também. Temos o mesmo objetivo, temos que nos tratar como iguais”, diz
Rosa, que complementa; “Hoje os produtores preferem as turmas que eu coordeno
por conta da organização. Tenho o respeito do produtor, dos trabalhadores e de
qualquer outra pessoa que chegue no pomar”.
Para
Rosa o gratificante é estar em meio ao verde, o cheiro da florada de laranja, o
contato com a natureza. “Eu cresci na roça, amo estar nesse meio, é o que
escolhi para mim”, ela conclui dizendo que seu sonho é ter uma aposentadoria
sossegada ao lado da família; “Dessa vida nada se leva, quero apenas um
ranchinho na beira do rio, um barco e estar ao lado de meu marido acompanhando
meus netos crescerem”.