Damião Alves Moreira, 46 anos, sendo trinta deles dedicados a colheita
de laranja, hoje pensa em mudar de profissão. Mas foi como colhedor que ele
conseguiu todos os bens que possui, o sustento de sua família e a possibilidade
de proporcionar estudo as filhas.
“Fui pra roça com sete anos de idade acompanhando meu pai, éramos só
eu e ele. Quando eu tinha dez anos ele veio a falecer e fui morar com uma
família que me acolheu, mas continuei na laranja. Já mais velho me casei,
construí minha própria família, consegui minha casa, carro e criar minhas duas
filhas com muita dignidade”, conta Damião.
Damião foi empreiteiro por um tempo, mas nunca deixou de ser colhedor,
ele preferia acumular as funções.
“Eu gosto da roça, gosto da minha profissão e me orgulho dela, pois
não é pra qualquer um, é trabalho puxado, que precisa de disposição e força de
vontade. Quando eu não tinha pomares para colher aqui eu ia para cidades da
região, mas nunca fiquei parado”, conta o colhedor.
Um pouco cansado depois de trinta anos de profissão, os planos de
Damião são comprar uma carreta e passar a fazer fretes, trabalhar um pouco
menos e ir se preparando para aposentadoria.